14 janeiro 2006

Tarde de Sábado (a flor da semana, Lispector), calor+ventilador, ninguém em casa, silêncio, panetone.
Adoro.
Vou curtir, depois eu conto umas coisas que eu achei por ai.

2 Comments:

Blogger Dalva M. Ferreira said...

Estou aposentada, babe! para mim tous les jours são sábados, tá ligada?

tsk tsk tsk...

Ah: dá um pulo no The Road... rsrssrs

amo-a!

10:07 PM  
Blogger érica said...

Atenção ao Sábado

Clarice Lispector


Acho que sábado é a rosa da semana; sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e alguém despeja um balde de água no terraço; sábado ao vento é a rosa da semana; sábado de manhã, a abelha no quintal, e o vento: uma picada, o rosto inchado, sangue e mel, aguilhão em mim perdido: outras abelhas farejarão e no outro sábado de manhã vou ver se o quintal vai estar cheio de abelhas.

No sábado é que as formigas subiam pela pedra.

Foi num sábado que vi um homem sentado na sombra da calçada comendo de uma cuia de carne-seca e pirão; nós já tínhamos tomado banho.

De tarde a campainha inaugurava ao vento a matinê de cinema: ao vento sábado era a rosa de nossa semana.

Se chovia só eu sabia que era sábado; uma rosa molhada, não é?

No Rio de Janeiro, quando se pensa que a semana vai morrer, com grande esforço metálico a semana se abre em rosa: o carro freia de súbito e, antes do vento espantado poder recomeçar, vejo que é sábado de tarde.

Tem sido sábado, mas já não me perguntam mais.

Mas já peguei as minhas coisas e fui para domingo de manhã.

Domingo de manhã também é a rosa da semana.

Não é propriamente rosa que eu quero dizer.


Texto extraído do livro "Para não Esquecer", Editora Siciliano - São Paulo, 1992.


-- vc me fez conhecer este texto --
gde bjo de quinta à noite ainda!!!!!!!

9:36 PM  

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